A porta do apartamento bateu. Kadu jogou as chaves na mesa com força. Estava calado, respirando fundo. Hérika entrou logo atrás, tirando os sapatos altos com um suspiro exagerado.
— Ai, meus pés tão mortos… — murmurou, jogando-se no sofá com as pernas brancas esticadas.
Kadu andava de um lado pro outro, com a mandíbula travada. A imagem dela sumindo com o peão naquela maldita festa ainda girava na cabeça dele.
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— Agora a gente tá em casa. Fala a verdade, Hérika.
Ela ergueu uma sobrancelha, como quem se diverte.
— Ué, que verdade? Já falei, amor. Não rolou nada.
— Nada?
— Nada. — ela disse com firmeza, mas os olhos fugiram dos dele de novo.
— Você demorou meia hora. Disse que tava na fila, depois que ajudou uma moça… agora falou que o cara te irritou e saiu. Mas antes tinha dito que ele ficou na fila com você. Qual das versões é a certa?
Hérika deu uma risadinha.
— Você tá me interrogando agora?
— Tô tentando entender… por que sua história muda toda hora.
Ela fingiu pensar. Olhou pro teto. Mordeu o lábio. Depois virou o rosto pra ele e soltou:
— E se eu tivesse me divertido com ele no escuro, hein? O que você faria, amor?
Kadu parou. Sentiu o sangue sumir do rosto e ir direto pro pau, que endureceu na hora.
— Não brinca com isso, Hérika.
— Mas eu tô brincando… ou não. — sussurrou com uma voz quase infantil, quase cínica, cheia de veneno gostoso.
Ele se aproximou devagar, olhos fixos nos dela. Sentou-se ao lado. Puxou a alça da blusa e viu, ali na pele branquinha do ombro, uma leve marca avermelhada.
— O que é isso aqui?
Ela olhou. Fingiu surpresa.
— Nossa… deve ter sido da bolsa. Tava pesada, né?
Ele examinou mais. No pescoço, outra marquinha leve, quase imperceptível.
— E essa aqui?
— Ah, amor, sei lá. Deve ter sido o colar, talvez. — falou rindo, desviando de novo o olhar.
Kadu estava em combustão. O pau pulsava por dentro da calça. A dúvida, a raiva, o ciúme, o tesão — tudo misturado. E ela ali, de sainha de couro ainda, provocando com aquele sorrisinho safado, como quem sabia o poder que tinha.
— Você tá escondendo alguma coisa de mim, não tá?
— Tô escondendo só uma coisa, amor…
— O quê?
Ela escorregou até sentar no colo dele, as pernas magras envolvendo seu quadril, e sussurrou:
— O quanto eu fiquei molhada ao te ver com ciúmes.
A explosão foi inevitável. Kadu a jogou no sofá, rasgando a sainha quase no impulso. Ela riu, provocante, deixando as pernas bem abertas.
— Você quer saber se aquele peão me comeu, né?
— Cala a boca. — ele rosnou, já enfiando a mão entre suas coxas.
— E se ele tivesse feito? Você ainda me comeria assim, com essa fome?
Ele enfiou a cabeça entre os seios dela, beijando com raiva, com sede. Ela gemeu alto, as mãos no cabelo dele, os quadris se movimentando como se já tivessem sido despertados naquela noite — talvez por outro, ou talvez só pela fantasia que ela plantou.
No quarto, o sexo foi animalesco. Kadu a comeu de lado, de costas, com as mãos apertando sua cintura fina e os olhos grudados nas marcas suspeitas do corpo dela.
— Fala, porra! Ele te pegou ou não?
— Acho que você nunca vai saber, amor… mas vai querer gozar pensando nisso, né?
E ele gozou. Forte, fundo, gritando o nome dela. Enquanto na mente, a imagem de Hérika sendo possuída por outro continuava atiçando o monstro do tesão dentro dele.
E ela sabia disso. Por isso provocava. Por isso brincava com fogo. Porque no final, era nos braços dele que ela explodia — mesmo que deixasse um pouco do mistério queimando no ar.